Sobre as fibras de vidro
As fibras de vidro, que se classificam na posição 7019, são caracterizadas pelas seguintes propriedades:
- Pequena flexibilidade em relação às fibras têxteis vegetais ou animais (os fios de vidro atam-se com grande dificuldade);
- Elasticidade quase nula;
- Tenacidade ou resistência à ruptura muito grande (maior que a de todas as fibras têxteis da Seção XI);
- Incombustibilidade, imputrescibilidade e inatacabilidade pela água e pela maioria dos ácidos;
- Má condutibilidade para a eletricidade e, às vezes, em certas formas, para o calor ou o som; e
- Higroscopicidade nula.
As fibras de vidro são obtidas por vários processos, mas que, com pequenas variantes, se podem distribuir em três grandes classes:
I) Estiragem mecânica. Neste processo, o vidro é fundido em um forno. Circula em um canal de distribuição cuja parede inferior está revestida com uma liga de metais preciosos (normalmente de ródio ou de platina), para resistir a temperaturas elevadas. Este revestimento está perfurado por um grande número de pequenos orifícios onde o vidro fundido se introduz. Após lubrificação (por exemplo, com silicone) são conduzidos em um mandril com grande velocidade que os estende até formar filamentos paralelos muito finos. Obtêm-se deste modo fios contínuos semelhantes aos fios têxteis artificiais. Por um processo sensivelmente análogo, também se obtêm fibras mais grossas que se enrolam sob a forma de manta e que se utilizam como tal (mantas para isolamento).
II) Estiragem por centrifugação. Neste sistema, o vidro fundido em cadinhos é derramado em um disco de matéria refratária que gira a grande velocidade e possui na sua periferia um grande número de dentes. O vidro adere a este disco, que se encontra aquecido pelas chamas que saem do forno; simultaneamente, é sujeito à ação da força centrífuga, que o estira em fios. Em seguida, uma corrente de ar transporta estes fios para a mesa fixa da máquina, sendo depois enroladas em um cilindro de resfriamento, donde se retiram periodicamente. Por este processo, obtêm-se fibras de filamentos curtos que constituem a pasta de vidro (lã de vidro), que se emprega a granel, sem tecelagem.
III) Estiragem por ação de fluidos. Neste processo, a estiragem efetua-se por meio de jatos de fluidos gasosos (vapor a alta pressão ou ar comprimido) soprados sobre cada um dos lados dos fios de vidro fundido, que se escoam através de uma fieira. Pela ação desses jatos, os filamentos partem-se em elementos de pequeno comprimento e são lubrificados durante a sua formação. As fibras de vidro obtidas são arrastadas por um tambor rotativo, constituindo quer mantas, que se podem utilizar tais como se apresentam (mantas para isolamento), quer fitas (ou mechas) contínuas de fibras semelhantes às fitas (ou mechas) de borras de seda ou schappe - suscetíveis de serem estiradas posteriormente em fios.
As fibras de vidro e suas respectivas obras podem apresentar-se nas seguintes formas:
A) Lã de vidro.
B) Mechas, mesmo ligeiramente torcidas (rovings) e fios, cortados ou não.
C) Véus, mantas, esteiras (mats), colchões, painéis e produtos semelhantes, não tecidos.
D) Tecidos, incluídas as fitas. Também se classificam junto com essas obras as cortinas, os forros para paredes e outros artigos de tecidos de fibras de vidro.
As fibras de vidro têm numerosas utilizações, tais como: 1) em decoração de interiores (revestimento de assentos, forros para paredes, cortinas, mosquiteiros, etc.), sob a forma de tecidos que se prestam facilmente a tingir-se; 2) para isolamento térmico: de telhados, chaminés, caldeiras, fornos, distribuidores de vapor, corpos de turbinas a vapor, tubagens e respectivos acessórios, etc.; e isolamento de armários frigoríficos, caminhões e vagões, isotérmicos, etc.; por exemplo, sob a forma de feltros, rolos, bainhas, tubos ou entrançados (impregnados ou não de cola, breu ou de outros produtos e colocados, ou não, em suportes de papel ou tecido); 3) para isolamento acústico de salas, escritórios, cabinas de navios, salas de espetáculo, por exemplo; especialmente sob a forma de fibras a granel, feltros ou colchões; 4) para isolamento elétrico de fios, cabos e outros condutores elétricos; por exemplo, por meio de fios, cordões, entrançados, fitas ou tecidos (impregnados ou não de resinas, plásticos, asfalto, etc.); 5) para reforço de resinas termoplásticas e termorrígidas, na fabricação de revestimentos e painéis para fachadas, cúpulas e placas planas ou onduladas para prédios, cisternas, cubas e tubos para armazenagem e transporte de líquidos, coberturas de máquinas e outras peças moldadas para usos industriais ou agrícolas, pára-choques, peças de estruturas de vagões ou veículos aéreos, cascos de embarcações, esquis, raquetes e outros artigos esportivos, etc.; e 6) na fabricação de uma grande variedade de outros produtos, tais como filtros utilizados no condicionamento de ar ou nas indústrias químicas, escovas, pincéis, mechas para lâmpadas e isqueiros, telas cinematográficas.
Cesar Olivier Dalston, www.dalston.com.br. Fonte: NESH.