Sobre as tapeçarias feitas à mão
No carnaval (que no Brasil, este ano, aconteceu em março) eu viajei a uma pequena cidade que fica a 200 km de Brasília, chamada Alto Paraíso. Um lugar legal e bom para ecocaminhadas, meditação e para quem gosta de um contato mais estreito com a natureza.
Lá, em Alto Paraíso, eu conheci uma artesã que produz belas tapeçarias em seu tear manual: não é fácil e exige muito da pessoa, tanto no aspecto físico quanto de concentração no trabalho (realmente é cansativo).
Por incrível que pareça comprei duas tapeçarias, leves, com design e cores muito bonitas, por um preço excelentemente baixo (uma pechincha).
Além do bom negócio eu fiquei pensando sobre o valor do trabalho humano e, por que não, na classificação dessa mercadoria.
Nas NESH do Sistema Harmonizado (SH) eu encontrei o seguinte sobre as tapeçarias tecidas à mão:
As tapeçarias tecidas à mão são obtidas entrelaçando-se à mão os fios de urdidura, estendidos no tear de tecer, com os fios de trama; estes fios de trama, de cores diversas e justapostos, ocultam a urdidura e servem ao mesmo tempo para produzir o desenho e constituir o tecido.
Ao contrário do que acontece relativamente aos tecidos comuns com urdidura e trama, estes fios de trama, que não vão de uma ourela à outra, mas são cortados em um comprimento determinado pela natureza do desenho, apenas se entrelaçam com os fios de urdidura nos locais onde devem formar o desenho; as extremidades dos fios de trama ficam pendentes no avesso do tecido.
Daí resulta que, nas tapeçarias tecidas à mão, os fios de urdidura cruzam, em uma mesma linha e de uma ourela à outra da tapeçaria, uma série contínua de diferentes fios de trama.
Na execução das tapeçarias tecidas à mão, podem ocorrer falhas ou fendas quando determinadas cores ficam juntas em linha vertical; estas falhas ou fendas, em geral, são recosidas no avesso. Entre as tapeçarias tecidas à mão podem citar-se as dos gêneros Gobelino, Flandres, Aubusson e Beauvais.
As tapeçarias feitas à mão são classificadas na posição 5805 do SH.
Até logo Alto Paraíso/GO.
Cesar Olivier Dalston, www.dalston.com.br. Fonte: NESH.
