Cábreas? O quê?

Cábrea, de acordo com o Manual do Ponteiro de Paulo Cesar De Paoli, é um aparelho de força, constituído, essencialmente, de duas longarinas que se cruzam no topo e de uma talha de içamento, suspensa nesse cruzamento. Essas longarinas trabalham inclinadas e, por isso, são estaiadas (seguras por um ou mais cabos), em regra, colocados na sua parte posterior.

Outra fonte ensina que as cábreas são equipamentos usados em portos para levantar grandes e pesadas cargas  ou materiais em obras, e que consta de três pontaletes unidos no topo onde recebem uma roldana por onde passa o cabo.

Vale notar que as cábreas, nesses tempos de pré-sal, são muito utilizadas na construção de grandes estruturas, notadamente das plataformas para pesquisa e extração de petróleo.

As cábreas, conforme a maneira que se apresentam, podem se classificar em duas distintas posições da NCM, quais sejam: 8426 e 8905.

As NESH da posição 8426, a propósito das cábreas (ou derricks em inglês) diz que:

As cábreas, que consistem num braço equipado como uma árvore de guindaste (grua) que gira em torno da base de um braço fixo vertical; a árvore pode erguer-se e baixar-se por meio de um cordame com um sistema de polias que liga as extremidades dos dois braços.

Já as NESH da posição 8905, a respeito das cábreas, ensina que (grifou-se para destacar):

A presente posição compreende:

A) Os barcos-faróis, barcos-bombas, dragas, guindastes flutuantes e outras embarcações em que a navegação é acessória da função principal.

Entre estas embarcações, geralmente estacionárias quando desempenham a sua função, podem citar-se: os barcos-faróis, barcos-perfuradores, barcos-bombas, dragas de todos os tipos (dragas com alcatruzes, dragas com aspiradores, etc.), barcos que se destinam a fazer flutuar os navios afundados, barcos-bóias de salvamento, batiscafos, pontões equipados com instrumentos de elevação ou de movimentação (derricks, guindastes, elevadores de cereais, etc.) montados sobre portões, bem como os pontões especialmente concebidos para servir de base a esses instrumentos.

Não há dúvida que esses ensinamentos das NESH deixam muito a desejar. Entretanto, como uma imagem vale mais do que mil palavras, segue abaixo uma fotografia que deixa claro o que vem a ser uma cábrea  da posição 8426 e uma cábrea da posição 8905 (foto da Cábrea Kaisei, capaz de içar 2050 toneladas e pertencente ao Estaleiro Mauá- Jurong, sediado em Niterói/RJ - http://www.estaleiromaua.ind.br/).

Nessa foto, vê-se claramente a cábrea (ela é formada por duas longarinas pintadas de laranja e branco), o estaiamento (cabos que prendem as longarinas à estrutura fixada na embarcação) e a roldana no encontro das longarinas (nop topo). Essa cábrea está montada numa estrutura flutuante e, por isso, é denominada de cábrea flutuante (observo que altura da cábrea é de 100 metros e sua capacidade permite içar peças gigantescas).

As cábreas são classificadas, de acordo com a RGI 1, na posição 8426. Com o auxílio da RGI 6, na subposição 8426.9. Esta subposição se desdobra e, ainda com o auxilio da RGI 6, na subposição 8426.99, nicho este onde se alojam as cábreas. Como esta subposição não se desdobra no Mercosul segue que o código das cábreas é 8426.99.00.

No caso das cábreas flutuantes, consoante a RGI 1, seu nicho é a posição 8905, haja vista que nas mesmas a função de navegação é acessória. Daí, com o emprego da RGI 6 chega-se a subposição de primeiro nível não desdobrada 8905.90. Aqui também o Mercosul não fez nenhum desdobramento, o que resulta no código NCM 8905.90.00 para as cábreas flutuantes.

Fontes: NESH das posições 8426 e 8905;

http://www.portaldomarketing.com.br/Dicionario_de_Logistica/C.htm;

http://www.guialog.com.br/dicionario.htm;

http://www.onip.org.br/arquivos/P-54_MauaJurong_4_encontro.pdf; e

http://books.google.com.br/books?id=GfZxM0biCloC&pg=RA3-PA18&lpg=RA3-PA18&dq=c%C3%A1brea&source=bl&ots=Oevc4TG91L&sig=Azionjl1w0CdUOVUUAIBAJZ0wN8&hl=pt-br&ei=q3AgTaWMA8OC8gax4qSTCg&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=7&ved=0CCkQ6AEwBjgU#v=onepage&q=c%C3%A1brea&f=false

Cesar Olivier Dalston, www.dalston.com.br